Thursday, December 4, 2008

«Apocalipse»



É a morte aquele medo, consumidor de esperanças, terror dos antigos. É a morte aquela viagem, viagem sem regresso, de prospecto interessante. É a morte a razão de separação e reunião, a causa de lágrimas e sorrisos ocultos. A morte é plurívoca e complexa; não tem um só significado, não é apenas física e não deixa lugar a indiferenças. O poeta perde os seus sentimentos, o assassino perde a sua consciência, a mãe perde a sua filha. Seja ela psicológica, como a perda de sentido, ou física, como a perda dos sentidos, a morte afecta tudo e todos. A morte põe um fim a tudo; tudo tem um fim. Tal como a chuva tem um fim, o amor tem um fim, o universo tem um fim, toda a vida tem um fim. Quanto mais o tempo avança, mais perto ele está. Nesta nova era, o passo para o nosso fim é acelerado; cada vez damos passos maiores.
A morte há-de entrar sem bater à porta.

3 comments:

Anonymous said...

o.o'

Anonymous said...

Eu acho que o truque não está em ficar nervoso sabendo que a morte vai bater à porta. O truque é esperá-la (ou o) fazendo bolinhos e até oferecer umas flores quando ela (ou ele) vier.

- Ben

Jerónimo said...

Porque não vês as coisas de outra forma? Todos os dias há milhões de organismos a serem criados.