Saturday, April 26, 2008

Tarde de Verão

Ao calor, muitos se entregam.
Não sou excepção.
Abro os olhos - grande é o esforço.
Pisca-pisca, o branco do tecto incomoda-me.
"Tenho de virar o pescoço",
o pensamento já me cansa.
A mão escorrega fora do colchão
que tanto conforto me fornece.
Entro em contacto com a mobília;
optei por procurar com o tacto.
A mão sonolenta e desajeitada derruba algo da mesa-de-cabeceira.
Um grunhido meu desafia o barulho a parar.
Parou. Os olhos fecham.
Finalmente, algo plastificado e familiar.
A mão envolve-a firmemente;
Levanto-a.
Um sentimento de vitória.
Viro o pescoço, não tenho opção,
e bebo 3 goles. Pouso-a
de novo no seu lugar.
Até água requer esforço...
A mão volta ao seu sítio, debaixo do cobertor,
e adormeço imediatamente. O casulo quente encobre-me.
Ao calor, muitos se entregam
e não sou excepção.

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